sábado, 16 de novembro de 2013

ESTOU DE VOLTA!!!!!

Meus queridos amigos, parceiros, leitores e colaboradores! Depois de mais de dois meses de ausência, eis que eu retorno com várias novidades, como o fato de termos passado dos 400 likes na página de OUTONO e fresquinho, direto do forno, o tão esperado primeiro capítulo de INVERNO para vocês.

Aqui está:
Foto www.chongas.com.br

INVERNO

CAPÍTULO 1

Nem tudo é como parece


Bem, eu estava ótima! Sentia-me tão bem que, para dizer a verdade, nem parecia que há pouco mais de um ano estive à beira da morte! Erick me ajudou muito, ele se tornou o namorado perfeito e eu às vezes fico pensando que nem mereço tanta felicidade.
 Minha família também estava bem. Meus pais pareciam estar se sentindo mais seguros, bem como todos os outros bruxos da comunidade: Meus tios e primos, Methe e sua família e também Ambrosina. Sim! Bruxos existem e estão espalhados por todo o mundo, inclusive aqui em Pitangui, onde moro, uma cidadezinha linda e tranquila do interior de Minas Gerais.
No ano passado os bruxos do mundo inteiro foram ameaçados por um feiticeiro terrivelmente sinistro e perverso que fez de tudo para me matar para conseguir para si o “Grande Poder” e assim dominar toda comunidade bruxa que vive na atualidade.
Nunca mais ouvimos falar de Hypolitus, esse é o seu nome, ou, como prefiro colocar, era. Ao que parece, o combate épico que eu e Hypollitus enfrentamos no Outono do ano passado o deixou fora de circulação. Nós esperávamos que ele aparecesse assim que se recuperasse _ nunca pensamos que ele fosse sumir de vez depois de ter me perseguido durante dezesseis anos _ mas, como ele não demonstrou estar vivo no último ano, tudo o que pudemos deduzir é que, muito embora bruxos não sejam fáceis de se matar, eu o destruí, apesar de quase ter morrido também.
Sissi e Bernardo continuam namorando e eu estou conseguindo me acostumar com o fato de ter me tornado “famosa” na escola, graças à minha festa de dezesseis anos que minha mãe insistiu em comemorar em alto estilo no ano passado. Esse foi o começo de tudo, foi quando toda a escola começou a prestar atenção em mim e novos “amigos” começaram a aparecer. Antes disso, ninguém, exceto Sissi, prestava a menor atenção em mim porque eu não passava de uma menina, triste, feia e sem graça.
Eu era extremamente tímida, usava um par de óculos horrorosos e vivia me escondendo, mas, com essa festa tudo mudou, inclusive eu comecei a namorar o Bernardo, o mesmo que agora namora minha melhor amiga Sissi. Parece estranho, mas, tudo bem, isso não passou de um engano e é uma longa história. Nessa época, Erick apareceu na minha vida e me conquistou para sempre.
O dia da festa também foi quando eu descobri que era uma bruxa poderosíssima e que Hypollitus queria a minha cabeça. Mais tarde eu também fiquei sabendo que estava predestinada a me tornar a Grande Mestra dos bruxos e que era a única bruxa capaz de derrotar Hypollitus. E  foi aí que, como se estivesse caminhando para a morte certa, eu fui enfrentá-lo... Eu fiquei tão machucada nessa luta insana que travei com ele que estive desacordada por muitos dias. Perdi muito sangue e travei uma batalha feroz com a morte. Mas... Eu consegui! Forte e feliz, desfrutei bastante a minha nova vida de bruxa e passei o ano mais feliz da minha existência ao lado de Erick.
Sem nenhum problema com Hypollitus, eu pude chegar ao final do ano letivo com boas notas e tanto eu quanto todos os meus colegas mais próximos passamos para o terceiro e último ano do segundo grau! Depois de passar tranquilíssimas férias de fim de ano, em fevereiro voltamos à escola para o melhor ano escolar de todos os tempos, afinal, em dezembro seria formatura, nós éramos veteranos e, depois de um período de muitas festas e comemorações, no ano seguinte iríamos todos para a Faculdade!
Erick continua na minha sala porque embora eu, teoricamente, não precise mais da proteção dele, ainda resta um resquício de dúvida sobre o estranho sumiço de Hypollitus. Bernardo está cursando Engenharia Química na UFMG em Belo Horizonte e vem para Pitangui todos os fins de semana, apesar de Sissi não se conformar em ficar longe dele de segunda à sexta.
Bem, eu disse que estava sendo feliz... E eu estava mesmo, até a noite de 23 de junho, bem no início do inverno... Naquela noite eu estava me arrumando para sair com Erick, Sissi e Bernardo. Depois de terem se estranhado no último ano por minha causa, Bernardo e Erick já poderiam se considerar quase amigos. Isso somente aconteceu quando ele e Sissi começaram a namorar, depois de Hypollitus tê-los envolvido no rapto dos meus avós (quando eu fui atrás dele e nós lutamos), fazendo com que eles ficassem sabendo do nosso segredo de bruxos. Mas, eles souberam se comportar bem como fiéis do segredo e se tornaram grandes aliados nossos.
Depois de passar muito tempo decidindo qual roupa deveria usar, acabei vestindo uma calça preta e uma jaqueta vermelha de lã por cima de uma blusa branca, porque o friozinho do inverno já estava se anunciando na cidade montanhosa. Completei o look com um cachecol xadrez e desci as escadas. É claro, eu não preciso descer nem subir escadas, pois, como bruxa, eu posso desaparecer e aparecer onde quero, mas, eu gosto de viver mais ou menos dentro da normalidade. Na escola também eu preciso esconder a minha condição de bruxa, então, ainda que eu agora tenha todos os meus poderes sob o mais absoluto controle e tenha desenvolvido no mais alto potencial todas as minhas habilidades, eu ainda prefiro viver como uma humana normal.
Erick sempre aparecia teatralmente na minha casa. Além de bruxo, ele tem uma peculiaridade herdada do pai dele, que o faz ser diferente de mim. Ele é quase tão poderoso quanto eu, mas, é muitíssimo mais forte e veloz e isso faz dele o guardião perfeito. Sem contar que Hypollitus não sabia, ou não sabe, dessa característica familiar dele, o que corroborou a escolha dele como meu “guarda-costas”.
A família de Methe também tem sua particularidade, muito estranha, por sinal. Eles quase me mataram de susto quando se transformaram na sala da minha casa no dia em que Hypollitus raptou meus avós e eu fui encontrá-lo, mas, foram de extrema valia para todos nós.
Eu estava absorta, lembrando dos acontecimentos passados quando senti os braços de Erick ao meu redor, num doce abarcamento. Numa felicidade incomum, deitei minha cabeça em seu peito e, no instante seguinte, ele já havia me virado de frente para ele, cobrindo minha boca com a sua, num beijo louco e apaixonado. Ah! Eu nunca iria me acostumar com aquela sensação. Mesmo depois de um ano, meus joelhos ainda tremiam quando ele me abraçava e eu sentia choques elétricos quando ele me encostava sem querer.
_ Você está muito linda! _ Apesar da frase comum, eu me senti satisfeita por ele ter gostado.
_ Obrigada! _ respondi simplesmente, bebendo a voracidade que eu podia enxergar em seus olhos. Isso estava me deixando louca. Um ano juntos e ele se mantinha castamente afastado de mim, jamais ultrapassando limites que ele próprio havia colocado.
Ainda que eu sentisse toda a sua paixão e não duvidasse do seu amor por mim, eu me sentia muito frustrada e infeliz às vezes. Preciso deixar bem claro que esses limites são apenas dele, que tem um absurdo senso de dever com não sei o quê e apresenta um autocontrole fora do comum.
Não demorou muito e Sissi chegou com Bernardo. Eles e Erick conversaram um pouco com meus pais e depois nós saímos e fomos ao Contemporâneo, um bar muito animado de Pitangui onde todo mundo se encontra. A noite foi alegre, encontramos muitos amigos por lá e pudemos rever também o pessoal que está estudando fora. Desde que nossos amigos se formaram e foram morar fora, os fins de semana ficaram bem mais interessantes porque nós os encontrávamos.
Quando voltamos para casa já passava da meia-noite. Eu estava cansada, mas, feliz, porque eu sabia que Erick não iria embora. Desde que eu me descobri bruxa, com o possível ataque de Hypollitus à minha pessoa, ele passava todas as noites comigo. No início eu não sabia disso e houve um tempo em que nós dois sofremos muito por causa de desencontros e desconfianças. Ele ficava invisível no meu quarto, tomando conta de mim, mas, agora que estávamos bem e felizes, eu adormecia todas as noites nos braços dele.
Naquela noite não foi diferente. Chegamos em casa e nos encontramos com meu pai e minha mãe. Era impressionante a confiança que meus pais depositavam em Erick. Acho que vinha daí o seu autocontrole, ele não queria decepcionar meus pais. Bom, eu já tenho dezessete anos, Erick está com dezenove e a gente já tem mais de um ano de namoro, mas, enfim, eu não posso fazer nada.
Depois de nos despedirmos de meus pais, nós fomos para o meu quarto. Isso acontecia todas as noites, mas, mesmo assim, um frio bateu dentro do meu peito. Meu coração deu um disparo e eu amoleci quando ele fechou a porta com o pé e me puxou para mais perto dele, enlaçando meu corpo. Nós estávamos totalmente juntos, coxa com coxa, boca com boca, língua com língua. Meu Deus! Aquilo era muito bom! Eu sentia as mãos dele na minha nuca, nos meus cabelos e depois segurando forte o meu rosto. Minhas mãos queriam segurá-lo inteiramente, ao mesmo tempo.
O que eu queria, segurando-o daquela maneira, era apagar o fogo dentro de mim, mas, ao contrário, as chamas só aumentavam, me queimando por dentro! O calor em meu peito chegava a doer, enquanto as mãos de Erick subiam em toda a extensão do meu corpo, me machucando de desejo. Sua boca estava mais exigente, meu fôlego estava quase no fim, nossa respiração era entrecortada e os gemidos saíam da minha garganta sem que eu pudesse segurá-los. Abruptamente, sem nada dizer, ele se afastou, colocando uma distância leve entre nós e respirando com dificuldade. Meu olhar de frustração deve tê-lo chocado, porque ele me pegou com suavidade e me deu um beijo carinhoso no alto da cabeça. Depois ele soltou os braços ao longo do corpo e abaixou a cabeça num gesto claro de derrota, e, colocando um pé na porta, me empurrou de leve.
_ Vá se trocar, Carol, está tarde e você precisa dormir.
Muda, eu me virei e fui para o banheiro vestir meu pijama. Fechei a porta atrás de mim e me encostei nela, me permitindo escorregar até o chão. Minha respiração estava longe de parecer normal e eu me perguntava como Erick havia conseguido me afastar. Droga! Eu bati os punhos no chão e deixei as lágrimas de raiva e frustração tomarem conta de mim. Só muito tempo depois foi que eu me troquei e saí do banheiro.
Encontrei Erick na mesma posição, como se o tempo não tivesse passado. Ele levantou a cabeça e me olhou, a dor refletindo em seus olhos negros. Onde estava a nossa felicidade de antes? Nós parecíamos inteiramente enlevados durante todo aquele ano. Claro, era difícil o autocontrole, principalmente para mim, mas, a gente levava bem a situação... Agora havíamos chegado num impasse cruel.
Eu me sentei na cama e Erick se aproximou. Eu me levantei e o abracei. Ele continuou com os braços ao longo do corpo. Eu segurei seu rosto e dei-lhe um longo beijo na face perfeita. Ele fechou os olhos e suspirou fundo. Então ele passou os braços em torno da minha cintura enquanto eu me afastava só um pouquinho. Nossos rostos ficaram a poucos centímetros de distância. Devagar, nossas bocas se encontraram num beijo profundo e doído. Era corpo com corpo e o coração pulava dentro do meu peito em disparada. Ele se afastou de mim, me olhando com frustração. Eu peguei a sua mão e a coloquei sobre o meu peito, enquanto meu coração batia com mais intensidade.
Sem nada dizer, ele se estendeu ao meu lado e me puxou para perto de si, deitando minha cabeça em seu peito. Começou a enrolar o meu cabelo, como ele fazia todas as noites, como se tivéssemos tido uma noite perfeitamente normal. Eu sabia que não iria dormir, mas, ele não estava disposto a conversar.

Eu estava em um cemitério... Não era um cemitério conhecido e tampouco era em Pitangui. Um portão enorme de ferro batido preto, antigo e assustador estava meio aberto à minha frente. Morrendo de medo eu entrei enquanto o frio da noite me invadia. A neblina estava alta, mas, mesmo assim eu pude ver as folhas secas que se espalhavam pelo chão e árvores desfolhadas que levantavam seus galhos sinistros para o alto. A lua branca e cheia brilhava no céu, iluminando tudo à minha volta.
Eu continuei caminhando para frente, sem saber para onde estava indo e sequer o que iria encontrar ali. Silvos altos, piados, barulhos de folhas pisadas, tudo isso contribuía para que a atmosfera parecesse um filme de terror. Uma coisa gelada passou rente ao meu braço direito, me fazendo soltar um grito de pavor. Eu me arrepiei e abri as mãos na minha frente em sinal de defesa.
O que eu estava fazendo ali? Por que aquela sensação de solidão e desespero? Os túmulos se erguiam à minha frente, numa procissão fúnebre e agourenta. As silhuetas de anjos quebrados pareciam mais pavorosas à luz branca daquela lua funesta. Eu queria ir embora dali, mas, meus pés me impulsionavam para frente. Eu queria gritar, mas, minha voz se recusava a sair. Continuei andando, escorreguei, caí e vi que havia uma lápide à minha frente. Eu olhei fixamente para ler o nome que estava escrito lá.

Albano Jardim
·         11 de Abril de 1970
·         24 de Junho de 2013
Descanse em paz!
Saudades de sua esposa
 e de sua filha!

Eu acordei com meu próprio grito!
_ Nãããããããoooooo!!!!!!!!!
Com o coração disparado, eu me sentei na cama. Era manhã do dia vinte e quatro de junho. Não! Meu pai não! NÃO! NÃO! Erick precisava me ajudar a salvar meu pai. Eu olhei para o lado procurando por Erick. Ao meu lado, a cama estava vazia. Erick havia sumido.















7 comentários:

Unknown disse...

Oi Valéria!! Bem vinda de volta!! Saudades!! Eu notei sua ausência esse período? Estava tudo bem?
E que incrível!! O primeiro capítulo de Inverno!!! =D O novo livro já está pronto?? Quero logo saber o que aconteceu!! hahahaha
Abraços,
Antonio
afinselivros.blogspot.com

Valéria Schmitt disse...

Querido amigo Antonio!!!!! Eu te enviei um e-mail. A bem da verdade, foi, inicialmente um "meio e-mail" e depois foi o e-mail completo. Enquanto eu salvava em rascunhos, eu o enviei sem estar completo. Muito obrigada pelo carinho! Eu espero que você goste deste capítulo! O livro ainda não está pronto, mas, promete! Eu também senti sua falta!!! Me conte o que achou! Beijos

RUDYNALVA disse...

Valéria!
Feliz com seu retorno.
Força e fé amiga.
cheirinhos
Rudy

Valéria Schmitt disse...

Querida Rudy, obrigada pelo carinho! Beijosss

Marcela Cilento disse...

Oii!!!!!
Estou apaixonada por Inverno. Simplesmente apaixonada!! Aaaah, preciso saber o que vai acontecer :( E já estou apaixonada novamente por Erick! Como isso é possível? kkkkk
Bem vinda de volta!
Beijos.

Danny HRodrigues disse...

Oi amiga voltando com a corda toda e deixando a gente com borboletas na barriga de ansiedade!
Força amiga estamos aguardando ansiosos sua linda obra!
Dani Casquet- Livros, a Janela da Imaginação

Valéria Schmitt disse...

Minhas queridas Daniele e Marcela, fico extremamente feliz que tenham gostado do primeiro capítulo de Inverno!
Prometo que não vão ter que esperar muito para ler o resto! :)
E... Marcela, já te falei que não me importo em dividir o Erick com você, rsrs
Beijos às duas