domingo, 14 de julho de 2013

Mais um pouco de Pitangui

"Meus pais se mudaram para Pitangui quando eu nasci, atraídos pela beleza das montanhas e pelo ar puro da cidade que respira história, afinal, foi aqui que, entre 1713 e 1720 aconteceram as primeiras revoltas da colônia do Brasil contra as imposições da Coroa Portuguesa. Cidade de povo bravo e corajoso, desde o tempo da revolta contra o pagamento do Quinto do Ouro quando se apregoava que “quem pagasse, morreria!” e centenas de moradores morreram tendo sido chacinados pelos Dragões da Coroa de Portugal, que quiseram, inclusive, acabar com a Vila, incendiando-a. Nessa época, o Conde de Assumar, governador da província das Minas Gerais, já falava sobre os habitantes de Pitangui, se referindo a eles como “gente intratável”. O espírito guerreiro desse povo passou de geração em geração e permanece até hoje."
Outono - Página 21


"Em Pitangui, como em todo o Brasil, o tempo era caprichoso, podia fazer muito frio no outono e quase nenhum frio no inverno. Naquele dia em especial, o dia estava combinando com a pequena cidade de quase trezentos anos e casas em estilo colonial, incrustada nas montanhas de Minas Gerais. Eu gosto muito de morar aqui, muitas vezes eu saio de casa somente para andar na rua e ficar olhando os prédios. Em Pitangui há capelas, Igrejas e casarões históricos, minas de ouro a céu aberto, matas, enfim, é a cidade perfeita para se morar e se visitar. Eu poderia me transportar no tempo e imaginar que estava no século XVIII, mas, meu estado de espírito não estava colaborando." Outono - Página 26


"Nós tínhamos um interessante trabalho de História para fazer sobre a Inconfidência Mineira e o “aparente” sumiço da cabeça de Tiradentes. Havia uma lenda que dizia que a filha de Tiradentes veio com sua mãe para Pitangui, onde o irmão dele era padre, trazendo a cabeça do pai em um tonel de vinho a fim de dar-lhe um enterro decente. A professora disse que há um livro sobre o assunto e nos mandou pesquisar.
_ O nosso trabalho é sobre políticos de projeção nacional que descenderam de pitanguienses, do ramo da matriarca Joaquina. Nós vamos ter que procurar o tronco familiar que gerou como descendentes os políticos: Getúlio Vargas (ele nasceu lá no Rio Grande do Sul, mas, descende daqui), Juscelino Kubistschek, Gustavo Capanema e Benedito Valadares.
_ Tem também o Magalhães Pinto e até o Aécio Neves, não podemos esquecer. _ emendou Sílvia.
_ E o Tancredo. Nós vamos ter um trabalhão _ continuou Cláudia _ Pitangui é berço de muitos políticos e todos de projeção nacional.
_ E quem vai fazer o trabalho sobre Domingos Rodrigues do Prado? _ Sissi perguntou. _ A revolta de Pitangui foi bem antes da de Felipe dos Santos e antes até da revolta de Tiradentes que foi apenas em 1789,
enquanto que o nosso motim do Quinto do Ouro foi em 1720. Estranho a gente não aparecer em nenhum livro né?
_ É verdade Sissi... Acho que é a turma do Leandro e do Gustavo que vai falar sobre o Domingos. Gente, por que será que nós não aparecemos nos livros de História, hein? Pitangui foi tão importante! _ Cláudia retrucou.
_ Vai saber! _ eu disse respondendo a pergunta de Sissi e Cláudia. _ Esse até que seria mais um bom material de pesquisa. Gente, alguém vai falar sobre Padre Belchior?
_ Vai sim, eu vi a professora distribuindo, só não me lembro em qual grupo.
Eu continuei falando sobre o Padre Belchior, porque eu queria evitar que o assunto recaísse sobre mim e Erick:
_ O Padre Belchior não poderia ficar de fora, afinal, foi ele o responsável pela independência do Brasil quando ele falou com D. Pedro I que, se ele não declarasse independência, seria prisioneiro das cortes. Como ele era seu conselheiro oficial, D. Pedro o ouviu.
_ Ele está mesmo enterrado lá na escadaria da Igreja matriz? _ Clara perguntou.
_ Está sim, foi um pedido dele. Vocês viram que saiu uma reportagem sobre o casarão dele no jornal? Parece que vai ser recuperado. _ eu não sabia mais o que
falar pra desviar a atenção das meninas do meu “namoro”. Dessa vez ninguém me respondeu."
Outono - Página 194

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